Por Vitor Henrique Guimarães + Pavezeiros*
Finalizamos o primeiro semestre de 2025 com muitos ótimos lançamentos ouvidos, resenhados e guardados nos nossos corações. E aqui no Música Pavê levamos esse tipo de coisa - o que marca os nossos ouvidos - bem a sério. Então resolvemos deixar aqui na newsletter uma rápida lista com o que marcou alguns dos nossos pavezeiros nesses meses: Um top 5 pessoal, com um comentário especial sobre o álbum que mais marcou. É impossível negar que essa é uma missão bastante difícil. Vocês podem ver tanto nas outras edições da newsletter quanto na coluna de Dicas de Discos do Mês, na qual buscamos fazer uma cobertura bem legal e ampla - e, ainda assim, tem coisas que acabamos tendo que deixar de fora! Mas, por mais difícil que seja, é bem divertido também, o processo é gostoso e dividir com quem se empolga é sempre uma onda legal. Então, aqui ficam alguns top 5 para vocês aproveitarem!
Nina Veras
Samuel de Sabóia - As Noites Estão Cada Dia Mais Claras: Comentário: Como Samuel comenta ao final de uma das músicas do álbum: "esse negócio de música é legal, né?". Encontramos um disco alegre, intenso, sem vergonha de se expor, que dá energia para voar aos afetos que estão segurados dentro do âmago do ser humano, meio que a coisa mais legal que a música pode fazer.
Marina Sena - Coisas Naturais
Erika de Cassier - Lifetime
Smerz - Big City Life
Terno Rei - Nenhuma Estrela
Lorena Lindenberg
Terno Rei - Nenhuma Estrela: O álbum é o meu lançamento favorito do ano (até agora). Com temas que misturam a melancolia urbana com o amadurecimento, a banda de indie-rock ousa flertar com novos estilos musicais.
Rubel - Beleza. Mas agora a gente faz o que com isso?
HAIM - I quit
BaianaSystem - O Mundo Dá Voltas
terraplana - natural
Bruno Takaoka Pugliesi
Ichiko Aoba - Luminescent Creatures
Delicado e misterioso, o disco da artista japonesa soa como o momento em que um raio de sol atravessa as árvores para encontrar as águas de um rio.
Fernando Motta - Movimento Algum
Luedji Luna - Um Mar Pra Cada Um
Turnstile - Never Enough
Joe Armon-Jones - All The Quiet (Part I)
Vítor Henrique Guimarães
Lido Pimienta - La Belleza - Qualquer projeto que carrega uma ambição do tamanho que a cantora colombiana trouxe para seu novo trabalho corre o risco de soar exagerado, fragmentado e, por isso, vulnerável ao esquecimento. Não é o que La Belleza merece. É um passo importante na carreira de Lido, robusto, emocionante e genuinamente lindo.
Vundabar - Surgery and Pleasure
Annahstasia - Tether
Sharon Van Etten & The Attachment Theory - Sharon Van Etten & The Attachment Theory
Genevieve Artadi & Norrbotten Big Band - Another Leaf
André Felipe de Medeiros
Rachel Reis - Divina Casca - Maior do que nunca: Este segundo álbum expande a cantora e compositora baiana para ainda mais territórios musicais que seu disco anterior, o também ótimo Meu Esquema (2022). Entre convidados ilustres, hits do passado e várias surpresas, é um resumo do estado atual do universo Rachel Reis.
Bad Bunny - DeBÍ TiRAR MáS FOToS
Don L - CARO Vapor II - qual a forma de pagamento?
Stefanie - Bunmi
Arnaldo Antunes - Novo Mundo
… Ontem
Naïssam Jalal - Souffles (2025): Nascida nos subúrbios parisienses e de ascendência francesa, a flautista traz um leque variado de convidados (que inclui o icônico saxofonista Archie Shepp) em um trabalho cheio de vazios a serem explorados. E digo isso de uma forma elogiosa: são espaços que ressoam um senso de suspensão, de incompletude - de souffle, de respiração: algo que é cíclico e que precisa constantemente recomeçar, algo que preenche na brevidade. Um passo mais minimalista do que seu trabalho antecessor, mas que ainda carrega uma beleza urgente.
Dauwd - Theory of Colours (2017): O produtor nascido nos Estados Unidos e criado no País de Gales apresenta um som que aos ouvidos mais repelentes à música eletrônica pode passar como pastiche; Mas, para os que tem algum gosto ou curiosidade pelo grande guarda-chuva que é esse gênero, Theory of Colours se destaca: deep house fino, com progressões suaves, invocando o jazz e a música ambiente com destreza - Leitmotif é um grande exemplo disso. É daqueles discos que você bota para ouvir enquanto dirige à noite - ainda que seja um carro imaginário, em um passeio imaginário.
Lucy Pearl - Lucy Pearl (2000): É bastante comum ouvirmos falar em supergrupos do rock, envolvendo integrantes de bandas bem badaladas se juntando pra fazer o que tiver de sair. Lucy Pearl é isso, só que com artistas do hip-hop e do R&B estadunidense: é a junção da cantora Dawn Robinson (En Vogue), Raphael Saadiq (Toné! Toné! Toné!) e Ali Shaheed Muhammad (A Tribe Called Quest). O resultado é um álbum epítome de seu momento histórico, que leva um quê de nostalgia noventista ao mesmo tempo que aponta para um novas formas (líricas e estéticas) de chamego, groove e som.
El Presidente - Beleza Tem Cura (2024): Psicodélico e lisergicamente tropical, o trabalho da banda sergipana traz, em loops líricos poéticos, um tipo de reflexão sobre a busca por alguma liberdade e pertencimento em um mundo que, em última instância, dá medo. Mas é isso: Os temas estão sempre com fundos solares. Cansados, lentos, mas solares, como uma tarde que você não quer que acaba (ou que, se você for realmente sincero consigo mesmo, você não sabe como dar fim? Fica aí uma provocação). Até que arranca, irrompe e mostra que o som pode ser bastante tempestuoso, intenso, bem Lua em Áries. Um disco a ser apreciado.
…Amanhã
Veja alguns lançamentos previstos para o mês de julho:
Lupe de Lupe - Amor (1 de julho)
Burna Boy - No Sign of Weakness (10 de julho)
Givéon - BELOVED (11 de julho)
Ólafur Arnalds - A Dawning (11 de julho)
The Swell Season - Forward (11 de julho)
Wet Leg - moisturizer (11 de julho)
Alex G - Headlights (18 de julho)
Indigo de Souza - Precipice (25 de julho)
Efeméride
Sade - Promise
Quando os primeiros sons de um álbum são do intenso saxofone de Stuart Matthewman e a música se segue com a condução perfeita do baixo de Paul Denman e da precisão rítmica percussiva de Dave Early e Martin Ditchman, para, logo em seguida, você ter uma das declarações de amor mais intensas e vulneráveis da história da música; Quando tudo isso está na primeira música de um álbum - Is It a Crime, de Promise, que completa 40 anos em novembro desse ano -, é muito difícil não sair completamente impactado por aqueles minutos e não criar algum tipo de hype para o que vem em seguida. E é simplesmente maravilhoso começar um disco com essa sensação de arrebatamento e expectativa e, por todos os minutos seguintes, tudo dar certo. Promise te leva a todos os lugares com seus detalhes: Se por um lado o aspecto percussivo te leva a involuntariamente batucar a perna com as pontas dos dedos, as pequenas intervenções de guitarra e de teclado, pequenos floreios, são exatamente os motivos de você transcender, entender que existe algo a mais naquela produção toda. E que você precisa ouvir e reouvir e reouvir, até que aquilo tudo se torne uma tatuagem na sua mente. Uma das tatuagens mais bonitas e, com o perdão do trocadilho, sophisticadas que você poderia ter.
No site também tem
Nossa pavezeira Giovanna Bonfim fala sobre os caminhos da discografia do trio HAIM e ainda nos deixa uma playlist com o supra-sumo musical das irmãs.
Videoclipe: Talking Heads - Psycho Killer
A canção atemporal da banda nova-iorquina ganha um clipe quase 50 anos depois.
Muito bem-acompanhada, Stefanie estreia show de “Bunmi”
Depois de mais de uma década compondo e participando de um número de trabalhos, a rapper estreou o show do lançamento de seu primeiro disco lá na Casa Natura Musical, em São Paulo.
A intensa experiência que é ouvir essa narrativa mística de NIK LAMENTO, criada pela parceria entre a artista Melissandra e a diretoria criativa Htadhirua.
Dicas de Discos do Mês: Maio de 2025
Lista curada pela equipe Música Pavê aponta as obras lançadas no período que merecem um espaço digno em sua atenção e seus fones de ouvidos.
*Nosso amigo Guilherme Gurgel está de férias, aproveitando sol, praia e bons drinks em nome de toda equipe Música Pavê. Nos vemos na próxima, Gui!